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Quando intubar?


Quando decidir pela intubação?




Uma abordagem prática baseada em três perguntas fundamentais




Introdução



O primeiro passo em qualquer atendimento de ressuscitação é verificar ou estabelecer uma via aérea pérvia e protegida. A única exceção a esse princípio é a desfibrilação em emergências cardíacas. Sem oxigenação adequada, todas as demais manobras de suporte à vida falham.


Na maioria das situações de instabilidade clínica, a proteção definitiva da via aérea é realizada por meio da intubação orotraqueal com tubo endotraqueal cuffado. No entanto, decidir quando intubar nem sempre é simples, especialmente em cenários intermediários, nos quais o paciente não está claramente estável nem francamente em colapso.


Este texto apresenta uma ferramenta simples e prática, aplicável a praticamente todos os pacientes de emergência, independentemente da idade ou do diagnóstico: a avaliação em três perguntas.





O desafio da decisão de intubar



A intubação traqueal em ambiente de emergência frequentemente ocorre sob alto estresse, com tempo limitado e risco elevado. Para executá-la de forma segura, o médico precisa dominar:


  • Técnicas de intubação

  • Identificação de via aérea difícil

  • Escolha adequada de fármacos

  • Manejo da via aérea difícil ou falha



Falhas em qualquer um desses pontos aumentam a morbimortalidade.

Entretanto, postergar indevidamente a intubação também é uma causa importante de desfechos ruins.


👉 Atrasos inadequados podem transformar uma intubação potencialmente controlada em uma situação caótica, sem preparo adequado.



Exemplos clássicos de erro por atraso:



  • Esperar estridor em paciente com anafilaxia

  • Aguardar piora da rouquidão em inalação de fumaça

  • Subestimar fadiga respiratória progressiva






Quando a decisão é óbvia… e quando não é



Existem cenários extremos em que a decisão é clara:


✔ Intubação imediata


  • Paciente com TCE grave e rebaixamento do nível de consciência



✔ Intubação pode ser evitada inicialmente


  • Insuficiência cardíaca aguda leve, com melhora rápida após nitrato e VNI



Entre esses extremos, existe uma ampla zona cinzenta, na qual o médico deve considerar:


  • Estado respiratório atual

  • Doença de base e risco de deterioração

  • Idade e comorbidades

  • Necessidade de transporte inter-hospitalar

  • Recursos disponíveis






Importante: vontade do paciente



Sempre que possível, especialmente em pacientes com doenças terminais, deve-se investigar:


  • Desejo explícito do paciente

  • Diretivas antecipadas de vontade

  • Ordens de não reanimação (DNR)



A decisão técnica não pode ser dissociada da autonomia do paciente.





A ferramenta prática: as 3 perguntas que decidem a intubação



Em situações em que a necessidade de uma via aérea definitiva não é imediatamente clara, uma avaliação simples com três perguntas ajuda a guiar a conduta.


👉 Resposta “SIM” a qualquer uma delas indica necessidade de intubação na maioria dos cenários de emergência.



1️⃣ A patência ou a proteção da via aérea está em risco?



Avalie:


  • Rebaixamento do nível de consciência

  • Incapacidade de proteger a via aérea

  • Risco de aspiração

  • Edema, trauma, sangramento ou obstrução



📌 Se o paciente não protege a própria via aérea, a intubação é indicada.





2️⃣ A oxigenação ou a ventilação estão falhando?



Avalie:


  • Hipoxemia refratária ao O₂ suplementar

  • Hipercapnia progressiva

  • Sinais de fadiga respiratória

  • Uso de musculatura acessória, taquipneia extrema ou apneia iminente



📌 Falência ventilatória ou oxigenatória é indicação clara de via aérea definitiva.





3️⃣ Existe previsão de que a intubação será necessária?



Pergunte-se:


  • O quadro tende a piorar?

  • Haverá necessidade de sedação, transporte ou procedimento invasivo?

  • O paciente está em risco de deterioração súbita?



📌 Intubar antes da catástrofe é mais seguro do que correr atrás da emergência instalada.





Conclusão



A decisão de intubar não deve ser tardia nem precipitada, mas sim estratégica.

A aplicação sistemática dessas três perguntas permite ao médico:


  • Reduzir atrasos perigosos

  • Evitar intubações desnecessárias

  • Planejar a via aérea de forma segura e controlada



🎯 Via aérea bem decidida é via aérea bem manejada.

 
 
 

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