
Nódulo após BCG
- Max Alves
- 10 de nov.
- 2 min de leitura
Uma criança de 6 meses, previamente saudável, recebeu a vacina BCG há 3 meses. Os pais relatam o surgimento de uma pequena lesão no local da aplicação, que evoluiu para uma nodulação endurecida e, recentemente, apresentou flutuação e drenagem de material caseoso. A criança está afebril e sem outros sintomas sistêmicos. Qual é a conduta mais adequada neste caso?
A) Iniciar antibioticoterapia sistêmica e drenagem cirúrgica imediata.
B) Realizar drenagem com agulha e iniciar isoniazida por 6 meses.
C) Observar a evolução, pois trata-se de reação normal pós-BCG.
D) Avaliar a possibilidade de infecção regional por Mycobacterium bovis e considerar tratamento específico com isoniazida.
E) Solicitar cultura para bactérias piogênicas e iniciar antibiótico empírico para Staphylococcus aureus.
Comentário
A vacina BCG, que utiliza cepas atenuadas de Mycobacterium bovis, provoca uma reação local esperada: pápula → pústula → úlcera superficial → cicatriz, em até 12 semanas. No entanto, reações adversas podem ocorrer, e devem ser diferenciadas entre manifestações esperadas e complicações anormais.
1. Diagnósticos diferenciais
Reação normal: lesão ulcerada pequena, indolor, com crosta e cicatriz final.
Abscesso frio pós-BCG: nódulo flutuante, indolor, sem sinais inflamatórios intensos — geralmente causado por multiplicação exagerada do bacilo vacinal.
Adenite regional (axilar ou cervical): aumento ganglionar ipsilateral à aplicação (reação vacinal), que pode evoluir para supuração.
Infecção bacteriana secundária: presença de calor, dor, eritema e febre — geralmente causada por Staphylococcus aureus.
BCGite disseminada: rara, ocorre em imunodeficientes (ex.: deficiência de IFN-γ/IL-12), com múltiplas lesões e febre.
2. Conduta
Reação normal: apenas observação e higiene local.
Abscesso frio: não realizar drenagem cirúrgica. Pode ser feita aspiração com agulha em casos de grande volume e/ou risco de fistulização.
Em casos persistentes (>3 meses) ou de adenite supurativa: considerar isoniazida (5–10 mg/kg/dia) por 3 a 6 meses.
Infecção bacteriana secundária: antibiótico sistêmico para germes comuns da pele.
BCGite disseminada: investigação imunológica e tratamento com isoniazida + rifampicina + etambutol.
3. Diagnóstico mais provável
No caso descrito — nódulo indolor com flutuação e drenagem caseosa após BCG, sem febre — o diagnóstico mais provável é abscesso frio pós-BCG, uma complicação local da vacina.
✅ Resposta correta: D) Avaliar a possibilidade de infecção regional por Mycobacterium bovis e considerar tratamento específico com isoniazida.

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